A
falta de água para produção sempre foi assunto nos encontros, ações e reuniões
do Projeto Buracica Sustentável e Solidária. A escassez de água não é
exclusividade da região do Buracica, mas um problema que atinge produtores
rurais em todo o Brasil, em especial os agricultores familiares que não dispõe
de recursos para perfuração de poços ou captação de água de longas distâncias.
As
discussões e debates coletivos ao longo do projeto sempre nos instigavam a
buscar soluções ou ao menos estratégias para superação do problema, que poderia
simplesmente inviabilizar a produção dentre os participantes do projeto. Dentre
as soluções encontradas, foi sugerida pelas agricultoras e agricultores uma
ação de mobilização comunitária e sensibilização para a recuperação e
preservação das diversas nascentes na região de Buracica.
Como
atividades preparatória, o técnico do projeto visitou diversas nascentes com
representantes de cada uma das comunidades, sendo realizadas visitas em cinco
nascentes, sendo elas localizadas nas comunidades de Pindobal, Guabiraba,
Panelas, Camboatá e Rio Negro.
As
visitas técnicas revelaram que diversas atividades e intervenções realizadas no
entorno das nascentes, desde a década de 90, como desmatamento, plantio do
eucalipto, além da exploração incorreta da água das nascentes, ocasionaram na
diminuição ou até mesmo extinção da fonte de água. Muitas das nascentes visitadas foram utilizadas como única fonte de água para consumo de diversas famílias,
sendo algumas delas espaços para lavar roupa e também para banho.
Em seguida, foi realizado uma oficina de
dois dias, com o tema Agroecologia e
Preservação Ambiental, com a participação de 52 agricultoras e
agricultores. O primeiro dia da oficina foi marcado por palestras e debates. A
primeira palestra foi realizada pela Dra. Tatiane dos Santos, ambientalista de
Catu, com o tema “A importância da
preservação recursos hídricos”. Depois, o Engenheiro Agrônomo, Carlos Eduardo Leite,
falou sobre “Agroecologia e Sistemas
agroflorestais na recuperação e preservação ambiental”.
Na segunda parte do dia foi apresentado
o diagnóstico das nascentes da região e, em seguida, os/as participantes definiram
estratégias e um plano de ação coletiva para a recuperação e preservação das nascentes
do entorno de Buracica.
Com
base no diagnóstico, os técnicos definiram iniciar já no dia seguinte como ação
prática da Oficina junto às agricultoras e agricultores, um processo de
reflorestamento das áreas das nascentes. Algumas delas ainda contam com parte
da vegetação nativa na nascente, como o dendezeiro, a paraíba, o ingá, o
jenipapo e o cajueiro. A estratégia definida foi de isolar os olhos d’água,
cercando a área para evitar o trânsito não só de pessoas, como também de animais, e reflorestar com espécies nativas da própria mata atlântica,
estimulando assim a recuperação da fonte de água.
Fotos: Arquivo ELO
Nenhum comentário:
Postar um comentário